Não sei se
tenho loucura ou se sou louca.
Discordo de
muitas teorias, de muitas frases, de muitas posturas.
Eu discordo
de mim também, muitas vezes.
E,
inumeráveis vezes, eu me apaixono. Talvez seja a paixão esse fio que me prenda
à vida. Perdi – há muito – o medo de me apaixonar.
Embrenho-me
com tanta facilidade por entre os ventos, os sons e as cores que me dissolvo
facilmente.
Eu quero
tudo.
Eu quero
ser tudo.
Eu quero
sentir tudo.
Não quero
me entorpecer jamais.
Eu não
quero falar o que não estou sentindo; não quero esconder o que estou sentindo.
Eu não
quero ser mais um lugar comum.
Afogo-me
nas palavras, nas lágrimas, nos gritos e nos silêncios, mas não morrerei de
fingimentos.
Insisto até
no que parece ter perdido o sentido.
Eu quero
tudo.
Quero ser
tudo porque posso ser tudo.
Porque o
que não faz sentido é belo.
Eu não
quero apenas estar no galope: quero ser o cavalo. Não quero apenas adentrar a
noite: quero ser o lobo que uiva. Não quero apenas sentir o voo: quero ter
asas.
Eu quero
me lembrar das vidas passadas e das vidas futuras: mas a intensidade só existe
agora.
E agora
existem as escolhas – mesmo que atravessadas, erradas, mesmo que eu sofra ou me
xingue depois ou antes; mesmo que eu chore ou vibre; é agora que existe o
momento.
É agora
que sou.
É agora
que estou apaixonada – e não, não me esqueço de nenhuma paixão e as sinto
todas.
Desapaixonar
é mais triste que não se apaixonar. Que se entorpecer.
Eu quero
me drogar lucidamente dessa coisa toda chamada VIDA o tempo todo.
E fazer
coisas que não fazem sentido, quero porque posso.
Isso tudo
sou eu: muitas almas para preencher meu espaço.
E se
amoleço, se esmoreço, se sinto que me entorpeço eu me desespero!
Porque sou
feita de vidas e almas e vontades e céus e infernos e descobertas novas e
velhas!
Eu sou uma
melodia atravessando o universo. Não me preocupo com ponto de chegada ou de
partida: a vida é travessia.
É na
travessia do rio que se conhecem as margens, as ondas, as casas, as cenas, os
bichos, a mudança de posição das estrelas.
A vida é
travessia e trago o que tenho no que sou: loucura demais para tempos tão
amenos. Porque não falo da crise de fora: mas de dentro. A crise de fora talvez
seja mero reflexo do que se agita dentro.
Elayne Amorim
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