Não tenho filosofia. Eu tenho poesia

Traduzir galopes...


Andar. Correr. Por que, se podemos voar?
 
Dois pra lá. Dois pra cá. Dois pra lá. Dois pra cá.
A mão na rédea o corpo prumo a perna que aperta
Dois pra lá na cadência vem pra cá na cadência vai pra lá
E uma dança se forma entre dois... pra lá, pra cá
Meia volta e rodopia e rodopia e solta-se a mão
Deixa a rédea aperta a perna e rodopia
E se abrem os braços e deixa que ele se vá no galope
E a dança numa vontade única de dois vira galope
E o galope flui num movimento de dois que agora
São um, agora flui no movimento de cavalgar
Que é correr, movimentar, deixar... deixar...
Decolar... voar, voar, voar...
Ultimamente tenho dado
Uns galopes de estado
Tenho tentado
Afugentar sistemas falhos
Percorrido caminhos errados
Eles mostram a dimensão do que falo
Mostram a certeza de que caio
Num abismo de alturas... profundas...
Porque o certo da sociedade é aprisionar cavalos
É fazer com que os poetas sejam calados
Porque o certo está aprisionado
Dentro de um equilíbrio falho
Não evitarei os abismos, sou um ser alado
Não, não andarei equilibrado
Quando Monto Um Cavalo Eu Não Monto, Eu Sou O Cavalo.
Em Suas Patas, Em Pleno Galope, Voo...

Eu era prisioneira de mim mesma
Agora, prisioneira de minha própria liberdade.
Meu cavalo impetuoso espalha com sua cor negra
Noites por onde antes não era nada.
O meu cavalo invejado galopa livremente
- posso correr, posso amar, posso doer, posso cantar –
Confusas, as outras almas se desesperam
Com meu falso desespero. Desespero?
Eu vim para desesperar com meu cavalo
Tudo que há em mim não basta
Incompreendida por ser tão animal
As pessoas tentam... mas elas se desesperam
Quanto a mim? Galopo feliz...
Em suas asas invisíveis decolo
Esqueço tudo que há, que não há
Na sua liberdade liberto minha alma
Terreno bom pra galopar é o teu corpo
Não encontro nenhum obstáculo
Voo livremente pelos teus espaços inexatos
E mergulho em sublimações incendiárias
Em ti, o galope em pleno voo onde morro
Onde me lanço, onde me largo, onde me encontro

Vi o mundo imenso e amplo de seu lombo cansado. A paixão aconteceu à primeira vista e nunca mais saiu do coração. Vi o mundo imenso e amplo sob nossos pés. A paixão acontecida tornou-se amor eterno e nunca mais saiu de meus sonhos. Vi um mundo imenso e amplo que inda não conhecia. O amor tornou-se vício, necessidade de me aprofundar nesse mundo novo repleto de fantasia. Nunca mais deixei de galopar...
por Elayne Amorim

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