Dia dos namorados. Tão clichê. Tão dia de pensar num presente. Tão material.
Ouço sozinhos lamentando a solidão; ouço casais brigando, pela solidão procurando. Desencontros: o mundo está cheio deles.
Data comercial, é o que dizem por aí. Mas que data - seja ela santa ou não - não transformamos em comércio?
Bonito mesmo é ver o casal de velhinhos de mãos dadas sorrindo. Um casal de adolescentes por que passo todos os dias em que vou dar aula cedo. São pontuais: 6:30 da manhã, estão sempre lá.
É romântico. Não precisa de presente nem nada. Um dia, no meio do ano, parar no meio da rotina corrida e almoçar juntos, brindar com vinho. Ou suco.
Eu já passei dia dos namorados na maior fossa; sim, natural. natural quando um relacionamento acaba. Aí vem outros dias, outras datas e aí vem outras mãos, outros beijos, outras cores.
Menos expectativa.
Ter companhia é bom. Ter alguém, sabendo que não é seu e que você não pertence a ninguém. Estar ali por escolha. Porque o vazio dói, a ausência é uma pergunta retórica - às vezes confortável - mas sempre pergunta retórica. Estar ali porque se quer estar.
Ganhar uma rosa vermelha.
Provar do olhar sincero.
Saber que só o instante é eterno.
Desejar, Ser desejado.
Amar. Ser amado.
Com toda a loucura que cabe somente aos amantes. Aos românticos.
por Elayne Amorim
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