Passei por aqui para deixar
uma marca poética. Um rastro. Talvez seja para mim mesma, já que a rotina me
estilhaça e não consigo montar bem os cacos - fragmentos de eu refletidos nos
inúmeros pedaços. Persigo-me? Persigo leitores? Rastros em que farejo palavras
de um vocabulário oculto.
Correria talvez seja desculpa.
Cansaço talvez seja desculpa.
Rotina talvez seja desculpa.
Melancolia talvez seja desculpa.
Revolta talvez seja desculpa.
Culpa talvez
seja desculpa.
Ausência talvez
seja desculpa.
Dadas algumas palavras e todas elas talvez
tenham o mesmo significado, deixo alguns rastros. Rastros que vão me levar a
outro inventário de palavras como
Salto no tempo
Excesso no extremo
Reinvenção a cada dia
Paixão mesmo não correspondida
Palavra forjada
em flores
Impulsão no absurdo
Ausência total
de lucidez
Não é a novidade, mas a
lembrança do acontecido; o inesperado tão óbvio; a morte da lagarta. As flores
desabrocham apesar das pedras, e quando se pensa em poesia tudo se resume num
infinito imenso povoado por uivos distantes e galopares alados. Passei por aqui
porque passei por tantos lugares longes pertos de mim, de ti, de um mundo
inteiro. A poesia é um buraco negro que nos atravessa da solidão para a
possibilidade de. Da escuridão à luminosidade. De repente eu me acho numa
fotografia, numa música, num blog, numa aula, num reclame de tv. Tudo tão
clichê e tão bonito. Abusei da palavra amor,
terminei amando sem. Uma pegada aqui, uma pegada ali. Roubam-me poesia apenas
com um olhar: quando acho que não vou escrever mais é quando mais latente
estou. Viva. Completamente viva e pronta para explodir outra vez.
por Elayne Amorim
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