É sempre a mesma sensação renovada. Às vezes, busco uma palavra para definir tal sensação - voo, ou, voar - não traduz, não diz o sentir do que sinto, mas esbarra, chega bem perto do que quero dizer. Não importa se estou sozinha com ele ou se há outras pessoas, ou mesmo, muitas pessoas: a minha alma faz festa como se eu adentrasse seu corpo, como se ele se tornasse parte de mim. É inexplicável. Intraduzível, pois não cabe em uma palavra, não cabe em uma frase, em um poema, em um livro. É um momento puro de total liberdade, sensação de altura e perigo; a emoção e o calor invadem nossos corpos e a realidade palpável é tudo o que sentimos a cada segundo juntos.
Quem monta cavalo e gosta de fazê-lo sabe do que estou falando - embora em cada ser humano a sensação de um ato não possui medida nem descrição. É um explodir de universos; é um conectar-se a outro mundo; é um verdadeiro encantamento...
E o cavalo
corria
corria livre
pela planície eterna
com a cauda
embandeirando-se pelo ar
corria
com as
quatro patas no chão
as quatro
patas no ar...
E o cavalo
voava
voava livre
pelo eterno céu azul
e o seu
corpo grande se elevava pelo ar
voava
com as
quatro patas ao vento
as quatro
patas no chão...
Eu não sabia
mas o cavalo
era encantado
e ele me
encantaria
me levaria
para galopar
e no seu
galope eterno
estaríamos
juntos a voar
ele também
me encantaria...
Nunca mais
humana
nunca mais
animal
nunca, nunca
mais
nem anjo,
nem demônio.
O cavalo me
encantaria
e me daria a
liberdade
a verdadeira
liberdade.
Como eu
pudera viver a tanto tempo
nas grades
dos meus pensamentos?
Como eu
pudera viver, há tanto tempo,
longe dos
seus encantamentos?
Nunca mais
humana
nunca mais
palavras
nunca, nunca
mais amar
nunca mais
eu.
por Elayne Amorim
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