Eu
quero uma nave, mas não espacial, que me leve pra me reencontrar em outros
tempos, em outras vontades. Não, não precisa compreensão. Vagar pelos espaços
siderais, atemporais, irracionais onde tudo o que vive se orgulha de viver. Eu quero,
eu preciso de uma nave. Projetada por poetas, que seja mais uma arca que nave,
onde caibam todos os meus desejos, que não se incomode com meus segredos, onde
eu possa levar cada casal de animais mitológicos e seu combustível seja apenas
a vontade. Cansei de ser humano hoje. Cansei de ler jornais. Cansei de ver a
mesma história se repetindo sempre, sempre. Quero um dilúvio de boas ideias e
sentimentos intensos. Quero que a compreensão humana – que a tudo fere ou mata –
escafeda-se! Eu quero uma nave que atravesse dimensões onde a razão humana não
possa alcançar, onde a minha razão não faça o menor sentido. Quero namorar a
insanidade, quero me libertar da humanidade. Quero um lugar onde a palavra amor
não exista, só exista o sentimento único, inegável, fatídico, despudorado,
liberto, libertador; impossível de posse. Quero uma nave que leve meu corpo para
onde minha alma habita.
por Elayne Amorim
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