Às vezes
desanimo de fazer um poema.
Porque,
apesar do mundo contemporâneo
Que diz
ser livre, moderno e sem regras
Diz
Que a
poesia deve ser breve
Porque hoje
a vida é corrida
E ninguém
tem tempo para ler coisas compridas.
Ah,
saberiam disso os antigos poetas?
Ah,
imaginariam isso os autores de Mensagem, d’Os Lusíadas,
Das viagens
magníficas de Odisseu ou Aquiles?
Ah, e os
autores dos versos compridos de compridos sentimentos?
Pois que
neste mundo mais regras é o que há!
E quanto
mais, maior a hipocrisia!
Deixemos para
lá...
O assunto
hoje é a poesia.
Que poesia
não tem tamanho, forma ou cor
Que poesia
é a dimensão da alma humana
Sua dor ou
sua alegria
Às vezes
cabe numa linha
Às vezes
não cabe em mil palavras!
Que poesia
é sentar à tarde e olhar o azul do céu
Que poesia
é estar apaixonado e deitar-se à beira do abismo
Que poesia
é...
Parar a
correria (um pouco)
E admirar
(como um louco)
A beleza
da vida que se esvai
A cada dia
um pouco.
Que poesia
é (também) isolamento
Para olhar
o mundo que a cada momento
Perde-se
na temperatura alta do sofrimento.
Não, para
se fazer poesia não há contentamento
Não há
satisfação, como a própria vida exige até o fim.
Até o fim.
É um
desespero desesperado de viver
Que ninguém
compreende.
Isso é a
vida: um desespero desesperado de viver
Até o
último momento.
Lá,
talvez, haja contentamento.
E a
poesia, toda de si, vai nos envolver como um anjo de asas muito longas.
Deus só
podia ser um poeta para ter essa louca ideia de criar seres humanos.
Não, a
poesia não tem tamanho.
Exige mais
que paciência: descontentamento.
Ela atinge
o onde-quando nem imaginamos.
Que poesia
é a própria vida
E para
ela... será quer temos tido tempo?
Por Elayne Amorim
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