Cada um é seu próprio mistério. Às vezes
reluto a sair de mim, espremo-me entre meus medos, entre meus gênios, entre
minhas vontades. A facilidade às vezes me tenta. Procuro me guardar do
comodismo, preciso caminhar mesmo quando em cada perna há o peso do receio de
tentar algo novo. Qual minha verdadeira intenção? E acaso mudar de ideia também
não está relacionado a mudar de época, é um tempo que passou, uma estação nova
que chegou, uma constatação de que precisava...? Caminhar ao meu lado para não
me esquecer de quem sou. Aprender a não julgar o outro, mas apenas ter a
curiosidade de tocar em seu mistério. Isso é tão bonito. O encantamento que
jamais pode se perder, pode se extinguir, de si! do outro! Não posso deixar que
meu pessimismo me impeça de voar, nem que minha utopia me impeça de ver. Às
vezes sou tola demais, preocupada demais, estressada demais, desesperada demais
e assim tudo vou sentindo demais demais demais. E a palavra é o freio da minha
loucura diária. E ao que é pouco preciso me doar mais. Averiguar sempre para
não desaprender o amor. E aceitar que aquilo que não está ao meu alcance é
melhor deixar lá. Perdoar-me, inclusive por ser demais quando deveria ser
menos; por ser pouca quando deveria ser mais. Não saberia dizer se sou tão
complicada num mundo simples ou se sou simples num mundo confuso demais. Mas a
simplicidade, esta sim me acompanha e encanta. Descobrir que não preciso
(mesmo) fazer o que não gosto, estar onde não quero. Cumprir obrigações também
é uma forma de aprender a amar? Quem o sabe. No entremeio da rotina maçante há
tantas imagens bonitas, tantas palavras novas, tantas histórias se construindo,
tantas formas de aprender alguma coisa nova. Ah... que caminhar comigo não é
coisa fácil e talvez por isso me dê certo trabalho. Mas certamente não pediria
o divórcio de mim, pois a cada instante sinto o universo se explodir em mim:
não é que ele sempre esteja diferente de antes; é que vou aprendendo a viver
comigo mesma...
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