Uma das piores coisas é ficar triste por
causa de alguém. Aquela dor que bate sem muita razão aparente. O outro não sabe
da nossa dor. Não sabemos, também, o que o outro sente. Ficar triste por causa
de alguém que nos magoou. Pesar o espírito. Plantar uma mágoa. Ser tachado de
ruim quando não se é. Tachar o outro de ruim sem o conhecer. Julgar. Não temos
esse direito e mesmo assim o exercemos de tal forma implacável. A tristeza
aliada à mágoa é solvente corrosivo: vai minando as junções dos nossos
sentimentos. Às vezes a gente fala “não, não estou nem aí, quero que Fulano se
f....”. Palavras da boca pra fora. Muitas das vezes o coração dói, o peito se
incha de raiva, a gente engole espinhos; e muitas das vezes por nada, ou por
engano, ou por motivos mal esclarecidos. Infelizmente, nossa sociedade não
cultiva a franqueza, o olho no olho, o deixar tudo às claras. E a gente sofre,
o outro sofre, e ficam as mágoas. A mágoa é como o mercúrio no rio, é como a
ferrugem na engrenagem. Sentimento ruim que trava, que causa dores internas tão
intensas que chega a se manifestar de forma física. A palavra que não foi dita;
a mágoa que não foi perdoada; não pôr uma pedra em cima de uma lembrança ruim
que pertence ao passado... são coisas que, se incubadas, apodrecem dentro da gente,
desnutrem nossa alma, ofuscam o brilho da beleza da vida. Havemos de perdoar;
havemos de respirar o ar limpo da consciência de se agir honestamente consigo e
com o outro; havemos de ser francos. A mágoa é um mal que só nos faz mal. Que não
a deixemos enraizar-se em nossa alma e apodrecê-la. Que possamos nos perdoar. Que
possamos perdoar ao outro. E que tenhamos paciência, pois nem todos ainda compreenderam
isso; nada disso.
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