SENTIMENTOS
LITERÁRIOS - ENQUANTO OS HOMENS DORMEM (ELAYNE AMORIM)
Queridos amigos e leitores, venho dividir com vocês mais uma resenha sobre as aventuras de "Enquanto os homens dormem". Desta vez, a amiga e também escritora Pit Larah quem vem falar. Obrigada!
Enquanto os homens dormem, chega para nos desafiar. Uma história absolutamente densa, não apenas em sua essência mas até mesmo em sua linguagem. Não que tenha uma linguagem difícil, mas a autora leva sua origem poética para dentro do romance.
Laica e Ângela, duas mulheres imortais, intensas, fortes e apaixonadas. Suas semelhanças se resumem a essas características, pois elas são dois opostos.
Enquanto Laica é meio humana e meio animal, uma lobisomem que exibe vida e conexão com a natureza, Ângela é um ser das sombras, uma vampira que vagueia entre morte e não morte, entre inveja e paixão pelos humanos.
Laica se entrega a suas duas partes, é absolutamente humana e se permite ser assim, e ao mesmo tempo, se entrega a sua irracionalidade e ferocidade animal.
Adentramos nesse mundo enigmático, e fazemos a todo tempo, uma comparação com nossas vantagens e desvantagens enquanto seres que dormem.
A autora chega a nos levar à beira da loucura, tamanha é sua riqueza em detalhes, que chegamos a nos perguntar o que é mesmo real.
E então nos descobrimos tão humanos que chegamos a ser vampiros, sugando a energia dos que nos cercam, clamando por amor, por atenção... chegamos a ser feras que alternam entre natureza e monstruosidade.
No final, nos descobrimos seres em eterna metamorfose. Repletos de questionamentos e de conceitos ilógicos.
Raças, amores, preconceitos, guerras... uma eterna luta por uma verdade que não existe. Somos seres irracionais quando descobrimos nossa humanidade. Somos seres das sombras quando nos entregamos a nossa variável forma de amar.
Uma história que nos fala de criaturas não humanas, mas que nos fala tanto de seres humanos!
Me apaixonei por Laica, repugnei Ângela. Vai entender! Duas mulheres tão sedutoras, que vão lhes confundir, lhes explicar...
Afirmo sem hesitar que trata de uma história apaixonadamente poética e altamente filosófica, porque através dos questionamentos dos personagens, nos enxergamos e procuramos respostas a perguntas que nem percebíamos que tínhamos.
O que é imortalidade, eternidade, realidade...?
O que é certo, o que é feio, o que é bonito...?
Raças, cores, tons, sabores, cheiros... não podem ser tratados no coletivos, pois são detalhes que percebemos através de olhos particulares. Cada um sente de uma forma, vê de um jeito... mas continuamos lutando como se fôssemos um único sentido, como se fôssemos grandes olhos que veem tudo da mesma forma!
E termino essa história, depois de vários debates internos, depois de guerras muito profundas e com um olhar muito diferente sobre a vida, sobre o mundo, sobre os seres humanos... tão encantadores, tão repugnantes... malditos por suas escolhas, benditos pela sua oportunidade de escolher!!!
Pit Larah
“Nos momentos de desgraças maiores, estranhos ajudavam estranhos. Como poderia haver tanta gente se doando? O abraço amigo. O beijo sincero. A imaginação ilimitada de suas mentes aparentemente mais frágeis que as nossas e que lhes possibilitam descobrir tantas coisas maravilhosas... Era impossível, para mim, não querer ser como eles. Apesar da felicidade e do conforto que era saber que Miguel agora, era imortal como eu. A raça humana era fabulosa. Doía-me vê-los se destruindo, se subdividindo, como se fossem diferentes, como se fossem várias raças.
Não eram. Todos nasciam e morriam da mesma forma. Todos sentiam dor e amavam e cresciam e pensavam... Todos tinham calor em seus corpos e um coração, humano. E o cheiro do sangue deles era maravilhoso...” (p.242)
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