Não tenho filosofia. Eu tenho poesia

Tuas palavras...

Bebi de tuas palavras
Como se a sede fosse única.
Na urgência de meus dias demorados
Você se atrasa demais.
Eu quero palavras, quero aquelas palavras
Mesmo que sejam instantes de mentiras
Doces mentiras, que ouço com os olhos
Que vejo com minha pele, que sinto com meu instinto.

Eu bebi, como se a única verdade
Fosse ter de amar você.
Como se eu, pequena humana,
Encontrasse nelas a grandiosidade divina
De um amor que pensei não mais existir.
E existe? Acaso existe?
No mais, tudo o que sei é que me afogo
No alento momentâneo de escutar-te.

Bebi, estou entorpecida...
No meu mundo sem vida
Com a alma congelada
Bebi, como se bebesse vida,
Como se bebesse necessidade
Como se bebesse sua própria alma
Para resgatar a minha.
É urgente, estou a morrer.
Ninguém vê.

Bebi de tuas palavras,
Elas se tornaram necessárias
À minha sobrevivência.
Não me deixaria apagar aqui
Acaso deixaria? Acaso me largaria?
No chão gelado da desilusão
Na pedra fria da morte escondida por trás dos olhos
Deixaria? Por que então falaste como se fizesse transfusão
Para dentro de mim
Uma transfusão de vida que – de repente –
Me acordou, mas não ainda o suficiente
Para me fazer levantar!
por Elayne Amorim

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