Não tenho filosofia. Eu tenho poesia

Descubra meu nome


Procuro ardentemente pelo que se perdeu de mim
- um eu –
Ocultado em meus espaços mais reclusos
- um eu –
Que tentaram reprimir, que deixei reprimir
- um eu –
Que eu quase conheci e deixei ele partir
- um eu –
Sem o qual não sou eu, sem o qual me perdi
-um eu –
...

Estampado em toda sua beleza em cada criatura
Que se criara solto pela natureza
Estampado no olhar distante da criança absorta
Estampado no uivo galopante de almas reais
Caçadas desde os tempos mais remotos
- um eu –
Que como eu anseia liberdade
Anseia por palavras, mas não quaisquer palavras
São aquelas que ninguém mais quer ouvir.
Quer me conhecer, descubra meu nome
Descubra quem sou realmente, aprenda sobre minha natureza

Ela não é fácil, mas é sutil, não irá machucá-lo
Mas não permitirá que me machuquem de novo
Todas as feridas levam tempo pra sanar
Mas agora eu ditarei o tempo que levará
Minha natureza é atemporal, não depende de passados ou futuros distantes
- um eu –
Que passa a reviver a partir de agora
Descubra meu nome, veja do que sou feita
Elementares solidões e afetos e renúncias
Mistura de vida e morte e vida
E pulsações que vibram invisíveis.


Sou feita de palavras antigas
Sou feita de amor e perdão
Mas também de nulidades e tormentas agressivas
Descubra meu nome
Sou lobos e galopes, corro em plena modernidade
Os prédios não me assustam, eles não me impedem de buscar
Por florestas escondidas aquela-aquele que sou
Eu corro e corro o mais que posso
Na velocidade do meu pensamento
Vislumbro-me não mais distante
E se quiser vir comigo terá de descobrir meu nome
Meu nome
Terá de ultrapassar a barreira do seu medo
Terá de ultrapassar a barreira do meu instinto
Terá de me descobrir...

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