Não tenho filosofia. Eu tenho poesia

O encantador de palavras...


As palavras possuem magia. E essa magia só pode ser espalhada quando um intruso delas se aproxima e as toca, fazendo-as debandar, como quando espantamos inúmeras borboletas ou pássaros e eles saem sem limites pelo céu. A revoada encanta quem as espantou, mas encanta mesmo àqueles olhos que seguem rotineiros pelas ruas do dia a dia e, de repente, encontram raras belezas cruzando o céu. Alguns loucos tentam capturar uma ou outra, mas palavras são de natureza livre, no máximo, passam a ser uma lembrança companheira nos corações solitários...
Sabe das palavras?
Elas estão lá, no seu estado angelical de germinação
E tu, encantador de palavras proclamado,
Toca-as delicadamente com tua sensibilidade masculina
Despertando-as uma a uma,
Que saem em debandada como pequenas borboletas multicoloridas...

Ah... mas que tu encantas
De modo arredio e de tosca beleza
As almas sedentas e famintas por sutilezas verbais
Como há muito e tanto tempo não se ouve mais.
As borboletas saem em revoada de teus lábios
E cruzam os céus vazios de imaginação

Uns ignoram.
Uns não entendem, mas aplaudem.
Uns não aplaudem, mas as levam consigo.
Uns simplesmente se fascinam e as esquecem.
Mas, no meio de todos esses, há aquela pessoa
Feita de alma, instinto e pudor, que recolhe algumas

Daquelas tantas borboletas e aí...
Ao engolir as insanas palavras
Percebe – tarde demais –
Que o encantador de palavras, na verdade,
Era um encantador de almas sedentas
E corações feridos...

Tu encantas palavras de areia e vento
Aquelas que se perdem com o tempo
Tu encantas e as lanças a cada pensamento
Tu não sabes, mas encantas a quem está atento
Fazes até mesmo o fogo trepidar de estranhamento
Encantador de palavras, continua a lançá-las ao vento...

Não repares...
            Um ou outro tentará capturá-las por puro contentamento...
por Elayne Amorim

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