Não tenho filosofia. Eu tenho poesia

TRADUÇÕES DE FOGO...

Arde em mim e em ti, então, por que aprisioná-lo?
A explosão será inevitável...

Ao tocar os lábios em minhas palavras
Dentro de mim a chama se acendeu
E se espalhou inflamando cada célula do meu sangue
Cada lugar oculto e recoberto do meu corpo.
Meus olhos viraram chamas, só você não viu
Pois estava longe quando a explosão se expandiu.
A espessura de seus lábios num milímetro de beijo
À distância de quilômetros.
Viu a destruição?
Por toda a natureza o fogo que havia em mim se espalhou
Até que chegasse a você meu sinal de desespero.
Viu as cinzas negras pelos pastos?
Era a minha noite que não coube mais em mim.
Meu atributo de comunicação com a natureza
É imperdoável, mas, o que fazer?
Eu precisava chegar até você
Não suportei, viajei através do fogo
Deixando um rastro de fuligem para que me encontrasse.
            Veio a chuva. Pressinto você se aproximando.
Apaga o fogo dos pastos, renova a natureza.
Mas em mim a água não toca, que sou labareda;
Somente seus lábios, se quiser aproximá-los de mim...
De fogo e labareda sou feita
Quanto mais ar, mais inflamo
Quanto mais me olhas, mais brilho
E enfeitiço teus olhos
Vidrados de luz intensa
Arregalados pela chama
Que te chamas
Que te atrais
Para cada vez mais
Perto de mim.

Quis pegar-me, mas dissolvo-me no ar evaporando calores amarelos
Quando olhaste a palma de tua mão a viste manchada, marcada
Pelo elemento poderoso e fugaz que tentaste capturar.   
Não há culpados pelas feridas causadas em nós...
O que a natureza trata de unir, ela trata de separar, tem sido assim...
Mas vês? Tuas mãos queimadas, já quase cicatrizadas, marcas que não doem mais
Enquanto que em mim a ferida invisível atravessou minhas moléculas fluidas
Penetrou na alma, feridas assim, o fogo não reduz a cinzas, apenas espalha fuligens vermelhas pelo ar...
O que arde é o que não se pode ser
Há quem interprete meu olhar
Mesmo assim, afasta-se logo
Com medo de ser atraído
Como a mariposa que rodeia a lâmpada
Até ver suas delicadas asas queimadas por ela.

Eu sou fogo
Então, deixa-me incendiar você...
Serei seu inferno mais bonito e sombrio
Das condições avassaladoras de vida que possam existir.

Deixa-me,
Porque se não me deixar ser
Serei seu inferno gelado congelando suas mãos
Sua pele, seus membros, todo o seu corpo; congelarei seu coração

E assim,
Arrancarei sua alma
E a trarei pra mim, para bem dentro de mim
Entre palavras e pensamentos, entre choros e sofrimentos

Eu serei seu pior pesadelo
 
Ouvi-lo em silêncio é como sentir um sussurro a passar pelos meus ouvidos.
Uma centelha de emoção se acende invisível dentro de mim.
Quando fecho meus olhos mentalizo-o em cada parte do meu pensamento
É minha forma de enxergar você.
O calor que de repente emana do meu peito e não consigo segurar
É minha forma de sentir você.

Ardor tímido que eu trago no peito
Chama indomável do meu instinto
Labaredas altas e invisíveis...
Não chegue perto, você pode se queimar.
por Elayne Amorim

2 comentários:

Carlos Brunno S. Barbosa disse...

Já declarei que as suas traduções poéticas são a parte que mais amo em seu blog. Interessante como, a cada postagem, essas traduções vão ficando mais intensas e, agora, incendiárias. Queimaste meus olhos leitores com teu calor lírico. Recomendo que os leitores leiam essa prosa poética ao som sensual e vibrante de "Eletricidade" e "Fogo", ambas canções de Capital Inicial...
"O poder de dominar é tentador
Eu já não sinto nada
Sou todo torpor
É tão certo quanto calor do fogo"

Anônimo disse...

Simplesmente sublime em sua insanidade enlouquecida por essa paixão que devora, que desestrutura, que desnorteia e queima. Lindo texto, Elayne Amorim.