Não tenho filosofia. Eu tenho poesia

SOBRE ÁGUA E SAL...


Essa água vil que escorre dos olhos como se fossem janelas
Essa água que dá um sabor amargo à escuridão de uma alma
Essa água é feita de sal, líquido e terror
Ela pode ser extensa e bela até o horizonte
Mas pode se resumir a uma gota, pendente de um olho que sofre solitário...
Mergulhem nestas águas poéticas...
 

“... dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me.”
(Dom Casmurro – Machado de Assis)


Esperanças
Cheguei tarde demais
Como uma lágrima.
(Paulo Leminski)

 Só deixarei de te amar no dia em que o pintor reproduzir em uma tela o barulho de uma lágrima caindo. (Machado de Assis)
 
Não é apenas este mar que reboa nas minhas vidraças,
Mas outro, que se parece com ele
Como se parecem os vultos dos sonhos dormidos.
E entre água e estrela estudo a solidão.
(Cecília Meireles)


Condenado e insubmisso
Como tu mesmo, eu sou como tu mesmo
Uma alma sobre a qual o céu resplende
- Longínquo céu – de esplendor distante.
Meu tumultuoso coração revolto
Levanta para o céu, como borrifos
Toda poeira de ouro dos meus sonhos.

Também, eu ergo às vezes
Imprecações, clamores e blasfêmias
Contra essa mão desconhecida e vaga
Que traçou meu destino... Crime absurdo
O crime de nascer! Foi o meu crime.
E eu expio-o vivendo, devorado
Por esta angústia do meu sonho inútil.
Maldita a vida que promete e falta,
Que mostra o céu prendendo-nos à terra,
E, dando as asas, não permite o voo.

Foi através desses versos belíssimos e desesperados que conheci o poeta Vicente de Carvalho e aprendi a admirar sua poesia.

Mar, belo mar selvagem
Das nossas praias solitárias! Tigre.........
(Vicente de Carvalho - Palavras ao mar)

3 comentários:

davy ferreirak disse...

Perfeito

davy ferreirak disse...

Perfeito

Carlos Brunno S. Barbosa disse...

Jogaste uma onda arrebatadora de grandes citações! Muito bom! Não conhecia os versos de Vicente de Carvalho que publicaste no blog (o comentário está conjugado na 2.ª pessoa do singular em homenagem ao tu-pessoa poética admirada pelos antigos e eternos poetas)