Não tenho filosofia. Eu tenho poesia

Traduções de caminhos e cansaços

Poderá a palavra, algum dia, saciar a fome do poeta?

Não se traduz uma pessoa
Não se traduz um sentimento
O máximo que se consegue
É que a palavra, como um espectro,
Desnude, distorça, persiga
exagere no simples
simplifique o fatal
e tudo o que sobra são restos de poeta
versos incontidos
como estampas de lágrimas e sorrisos tortos...
 
derramo-me sobre estas páginas
deságuo em ribanceiras virtuais
deixo-me, largo-me
tento traduzir-me
De repente me deu uma vontade louca de ser feliz
de permitir aos meus olhos cansados
pousarem nas paisagens lindas que estão nos arredores

De repente me deu uma vontade louca de viver o momento
o momento presente, a situação presente, o trabalho presente
as pessoas presentes...

em meu caminho não há só pedras
nem só espinhos
há sentimentos doloridos
e há sorrisos
há o perdão, o recomeço,
o apesar de tudo
embora acompanhado de medo
prefiro deixar que o teu beijo
seja como imenso mar de sol:
me invada, me rompa os limites, me aqueça por inteiro.
dizem que as pedras são necessárias.
elas foram lavadas com a água de meus olhos
perdoe-me a hipérbole, elas também são necessárias
já que não se pode traduzir tudo o que senti em uma semana
em um dia, em uma hora ou... em um segundo.

caminho sobre elas, mas foram amenizadas
não são elas que são duras
meus pés é que estão cansados
Por Elayne Amorim

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