Não tenho filosofia. Eu tenho poesia

Queria só...



Queria só jogar uma conversa fora hoje. É. Que hoje fosse sexta-feira depois do expediente lotado da semana e sair, sentar à mesa de um bar qualquer e beber cerveja gelada.
Eu queria só acordar de manhã e que alguém me dissesse “calma, foi só um pesadelo que você teve... esquece isso”.
Queria só mergulhar em conversas tolas, sobre coisas tolas, sobre pessoas tolas... E fazer filosofias tolas, pois bêbados adoram filosofar, arranjar soluções simples para problemas abstratos e falam e falam e falam...
Eu gosto dos bêbados de fim de semana.
Eles são tolos.
E eles conseguem rir e gargalhar e conseguem afundar na mais profunda depressão e chorar, isso em questão de minutos. São chatos e engraçados.
Queria ser engraçada agora, queria rir, só rir.
Queria que minha tristeza fosse vã, não ultrapasse a mesa e o limite do copo.
O fato é que estou com ressaca de dor, depois de tanto ouvir, chorar e pensar, restou-me a sensação de “onde eu estava mesmo antes de tudo isso acontecer?”. Aquela depressão idiota quando se está de ressaca, dor de cabeça que não passa, sede, náusea ao comer...
Eu queria só me concentrar no meu trabalho, que não é pouco. Mas parece pouco diante da quantidade de pensamentos.
Queria o que não posso: não pensar.
Queria só estar com uns amigos e beber, e rir.
Eu queria só... deixar de ser piegas um pouco, nem mesmo minhas crônicas estão escapando ultimamente!
Desculpe-me o leitor, mas não dá pra fugir da realidade.
Hoje não é sexta. Nem amanhã feriado. Não posso continuar de onde parei, tudo agora é diferente e só posso esperar que seja melhor.
Elayne Amorim

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