Não tenho filosofia. Eu tenho poesia

A prece do cavalo


A prece do cavalo

Ao meu amo, ofereço minha oração:

Dá-me comida e cuida de mim, e quando a jornada terminar, dá-me abrigo, uma cama limpa e seca e uma baia ampla para descansar em conforto.
Fala comigo, tua voz muitas vezes significa para mim o mesmo que as rédeas. Afaga-me, às vezes, para que eu possa servir com mais alegria e aprenda a te amar.
Não maltrates a minha boca com freio e não me faças correr ao subir um morro. Nunca, eu te suplico, me agridas e me espanque quando não entender o que queres de mim, mas dá-me uma oportunidade de te compreender.
E, quando não for obediente ao teu comando, vê se algo não está correto nos meus arreios, ou maltratando os meus pés.
E, finalmente, quando a minha utilidade se acabar, não me deixes morrer de frio ou à míngua nem me vendas para alguém cruel para ser lentamente torturado ou morrer de fome.
Mas, bondosamente, meu amo, sacrifica-me tu mesmo e teu Deus te recompensará para sempre. Não me julgues irreverente se te peço isto, em nome d’Aquele que também nasceu num estábulo.

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