Que é
preciso mais amor, talvez muitos hão de concordar.
Mas há
tantas definições de amor que talvez o amor ande se perdendo.
Costuma-se
associar amor com dor e, na tentativa da não dor, pessoas escolhem não amar.
Ama-se o
que é imperfeito: o ser humano é imperfeito, todos eles, todos nós. Se o outro
decepciona, pessoas escolhem não amar por não confiar mais em ninguém. Mas quem
é tão confiável assim?
Ama-se
coisas e isso não é exatamente amor. Coisas podem ter sido presentes de pessoas
amadas. Coisas podem ter sido conquistas próprias. Coisa, por si só, como o
mundo ensina a comprar comprar comprar é vazia de amor.
Ama-se a
si mesmo?
É preciso
mais amor para discernir as situações, os problemas, as pessoas, a si mesmo.
É preciso
mais amor, uma vez que na ausência do amor o lugar será ocupado por outros
sentimentos e quase nunca bons. Ressentimento, mágoa, orgulho, ódio.
Cristo já
disse e me sinto repetitiva ao repetir sobre o amor e sobre amar.
Muitos já
disseram. Muitos poetas já cantaram.
Por que é
tão difícil amar?
Aprende-se
amando a si mesmo. Mas amar a si mesmo não é se achar perfeito e melhor que os
demais. Isso não é amor, pois isso é uma mentira e o amor não tem espaço para a
mentira.
Amar a si
mesmo é abraçar-se. É não permitir que lhe tirem a paz, nem o desrespeite ou o
fira, seja no corpo ou na alma. Amar a si mesmo é perdoar-se. É ser grato pela
vida que o habita e o possibilita de fazer melhores escolhas para si. Amar a si
mesmo é não destruir seu corpo ou seu espírito. Saber dizer sim para o que lhe
faz bem, conseguir dizer não para aquilo que lhe faz mal. Amar a si mesmo é
tantas coisas, mas certamente não lhe causar o sofrimento proposital.
Amar o
outro começa colocando-se em seu lugar, sem julgamentos pré-determinados.
E se não
se pode amá-lo, pelo menos respeitar a vida que o habita e pronto.
Fazer mal
a alguém que não se ama é difundir o mal de qualquer jeito.
“Que eu
possa mais amar que ser amado”. Que pedido ousado.
Mas se eu
puder amar mais certamente serei mais feliz, me sentirei mais satisfeito,
minhas frustrações durarão bem menos, terei muito mais gás para prosseguir em
meus objetivos.
A força
mais poderosa vem do amor, não é o contrário. O ódio, a intolerância, o
desrespeito (os sentimentos ruins) sugam energias, requerem muita atenção e
esforço, retiram a paz e a liberdade. Destroem a pessoa e fazem com que essa
pessoa destrua ou faça sofrer os que estão ao redor.
O amor é
natural.
“É
paciente, tudo suporta, ele conhece a verdade...” Palavras, às vezes, tão mal
interpretadas.
A grande
força vem do amor, que não é utopia, que não busca vingança (mas justiça), que
nos faz suportar adversidades para que as solucionemos.
Amor é algo
muito mais profundo e longo, porque amor não se transforma em ódio ou qualquer
sentimento negativo – o amor é confundido com outros sentimentos.
Quando se
ama, ama. Não tem mais nem menos, nem por que ou precisa de lógica, não se quer
por posse; mas quando se deseja alguém por amor não lhes privamos da liberdade
de serem como são, de realizarem seus sonhos ou objetivos e o medo da perda –
pois é inegável que ele não exista – não nos faz criar laços desumanos que
possam transformar o outro em coisa, que possam lhe retirar até mesmo a
dignidade e a vontade de seguir sem nós.
Quando se
ama, ama-se apenas. Ama-se sozinho. Um amor recíproco é uma dádiva, não
conquista. Um amor recíproco e realizado/vivenciado é uma dádiva maior.
As pessoas
se toleram pouco porque talvez falte amor. Amor por si e pelo outro.
Amor não é
isenção de conflito. Todas as espécies têm conflitos. A nossa é a única capaz
de tentar resolver “racionalmente”. A única capaz de “verbalizar” – mesmo que
numa tentativa falha – o que se denomina por “amor” e é vital para a
sobrevivência. Amar é ser capaz de enfrentar conflitos sem destruir o outro.
Falta
amor.
Falta
amar.
Elayne Amorim
Fonte da imagem: http://www.3djuegos.com/comunidad-foros/tema/2092672/0/dibujos-de-lobos/
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