Não tenho filosofia. Eu tenho poesia

Simples detalhes...


Que felicidade proporciona uma cavalgada. Estar com o cavalo, senti-lo, fazer parte dele; mais: voar com ele, sentir o vento batendo contra a pele do rosto, bagunçando o cabelo... inigualável! Não, não me canso de tentar traduzir as sensações maravilhosas que o contato com esse animal proporciona. É fonte de inspiração, de bem-estar; um deslocamento para outro mundo, aquele imaginário dos livros e dos filmes, onde somos protagonistas de uma liberdade só nossa. É fácil imaginar-se um desbravador sobre o lombo de um cavalo, é fácil adentrar a natureza, escutá-la, sentir-se parte dela, esse contato inexplicável nos transporta como que para outra dimensão.

Quase um ano sem falar sobre as cavalgadas e poucas mesmo fiz, porém, a paixão é chama que não apaga. No mês passado, fizemos um belo passeio para as bandas de Minas. Respiramos mato e belas paisagens; risos, encontros com amigos e aquele frio no estômago causado por uma emoção que é sempre nova ao montar e galopar.
O mês de abril é a época das cavalgadas em louvor a São Jorge. Há quem não goste e não lhe tiro a razão, pois infelizmente algumas pessoas escolhem esses eventos para exibir suas ignorâncias expondo os animais aos maus tratos. Sim, muito estranho esse hábito de maltratar aquele que o carrega, que o eleva e, literalmente, o leva para casa. Ainda assim me animo a participar, a olhar o outro lado da festa, aquela beleza exibida pelos mais variados cavalos e muares, pelas pessoas que tornam a procissão um espetáculo bonito e torcendo para que cada vez mais seja essa a maioria.
Lembro-me de mim ainda criança a olhar a procissão passar em minha rua... o meu coração saltava dentro do peito, queria estar lá! Um dia eu estaria lá no meio daquela cavalada! Já há alguns anos que acompanho a procissão a cavalo – são muitos, muitos cavalos – e eu lá, no meio deles, passando pelas ruas da cidade. Quando passo em frente à rua onde morava quando criança, viajo no tempo... tem alguém lá, pequeninha, protegida pelos braços do pai (ao qual não dava sossego neste dia) olhando-me do passado, imaginando-me em cima de um belo animal a desfilar equinamente pela rua... Como os pequenos e mais simples detalhes e sonhos tornam a nossa vida mais colorida e mais feliz...
por Elayne Amorim

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