Não ando de mal com
as palavras. Às vezes é bom ficar só olhando, sair de mãos dadas com suas
próprias ideias. Um calar-se intuitivo. Observar. As palavras, se bem
articuladas, agem tanto para o bem quanto para o mal. E “silêncio” nem sempre
significa consentimento. Talvez eu tenha tirado umas férias das palavras – como
se isso fosse possível, mas necessário se faz, às vezes.
Ficar a olhar. Possibilitar
ao coração que se renove, possibilitar aos sonhos que reanimem, que venham à tona
e façam cócegas à adrenalina. Escolher entre as oportunidades, caminhar por
entre os desafios, fechar os olhos e enxergar mais longe. Revisitar a criança
que um dia acreditou em impossibilidades e, por acreditar, elas se tornaram
reais. Elas se tornam reais. Jamais esquecer, mas curar-se.
As palavras, que
amigas de minha solidão por muitas vezes se fizeram, sempre estão ao meu redor.
Às vezes me distraio com fatos enormes e esqueço os detalhes. Porém, quando
observo a natureza mais a fundo, os fatos enormes se tornam apenas fatos, e nos
detalhes é que percebo milagres. A minha inquietude possui fundamentos que vão
além da minha compreensão; mas não me preocupo em compreender tudo; preocupo-me
em manter-me inquieta e atenta, sem que isso retire de mim a alegria de viver
que a vida traz em si mesma.
Ocupar a mente com a
desocupação cotidiana de observar. De ouvir. De olhar mais. Sentir o que a
poesia tem a dizer. Deixar-se estar nos olhos do outro e deixar que o outro
brinque dentro dos olhos. Permitir-se conhecer palavras novas. Deixá-las
descansando no imenso campo do meu vocabulário insólito.
A infinitude às vezes
mora no que se observa; às vezes está dentro dos olhos do observador...
por Elayne Amorim
Um comentário:
Olá Elayne, bom dia. Apenas um abraço deste lado do mar.
Postar um comentário