Já
fui fogo e escorri por tuas mãos grossas de mentira
Tentei
te envolver e tuas areias desgovernadas retiraram meu ar
Parei
de respirar...
Os
céus se abriram, foi fim de mundo ou fim de solidão
A
tua mentira revelava minha verdade
Sim,
te amei ao mais que pude e esvaí-me ao ar...
Juntei-me
ao oxigênio que roubavas de mim
Parei
de respirar:
Dei
adeus ao teu adeus; não precisava de desculpas
Nem
mentiras mais, nem nada.
Talvez
tua verdade fosse minha mentira revelada:
Ilusão
que eu criei entre uma poesia e outra
A
cor dos teus olhos negrou minhas páginas brancas
Mas
descobri que era necessário mais para parar de respirar
Coisas
como inverno sem noites frias
Centelha
de saliva para fazer o fogo arder
Só
dizer a verdade, ou nada dizer
Estar
aberto a mentiras mas também à verdade do outro
Pertencíamos
a mundos diferentes.
Não
é que não era pra ter sido
Apenas
foi o que tinha de ser
Às
vezes percorremos caminhos contrários
Para
encontrarmos a nós mesmos
Não
lamento nada.
Talvez
teu silêncio.
Talvez
minha resignação
(que
é tudo o que vai contra minha natureza).
Porém,
minha própria natureza
Não
me permitiria acender fogueiras onde nem sobraram cinzas.
Tu
sabes, em algum lugar da eternidade estamos gravados.
O
melhor das mentiras é que só nós sabemos a verdade
E
o pior delas é saber-se estar pintado num quadro escuro
Que ninguém – além de nossa
consciência – pode ver.
por Elayne Amorim
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