Não tenho filosofia. Eu tenho poesia

 
Ah, eu não gosto desse papo nostálgico de que “e se eu pudesse voltar...” Minha preocupação é com o presente, porque sua ausência nele me faz sofrer. Agora, tudo o que tenho são apenas incertezas e perguntas. Cheguei a um ponto da minha vida em que repenso as escolhas, acho que repenso demais, demais, eu sou muito covarde, essa é a conclusão a que chego.
            Sejam relacionamentos, seja trabalho, sejam sonhos e conquistas e perdas... Acomodei-me no meu jeito de ser. Tenho sido cruel comigo e com os outros, vejo meu conforto abalado e isso me assusta. Meu pesadelo não é o que não vivi, mas é o que estou deixando de viver agora. As frases cortadas ao meio, o medo de escutar a voz diferente ao telefone, o medo de mudar, o medo de errar, de sofrer, de chorar, e até mesmo de sorrir.
            Sinto falta da luz nos olhos, do frio na barriga, da insegurança do dia seguinte. Sinto falta de não sentir sua falta. Sinto falta daquela relva, daquele vento sobre nossos ombros, de uma conversa nova sobre acontecimentos antigos.
            O fato é que o presente está se tornando vazio e frio e tenho medo de ver isso e estar me iludindo de que é só mais uma ilusão...
(Elayne Amorim)

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